domingo, 4 de março de 2018

Meia Maratona de Ovar

Um ano passou desde a minha estreia oficial na meia maratona, e após esse tempo volto à mesma prova para repetir a dose. Um mês após os 106 KM, com a recuperação os treinos não foram os suficientes. Não era por aí que ia de mãos abanar, este dia seria para fazer alguma coisa para a maratona do Porto que se aproximava rapidamente.
Previsões ou objectivos não os tinha, apenas concluir a prova, já seria um grande feito.
Infelizmente e devido a um infortúnio, as coisas conseguiram complicar-se bem mais. A partida da minha avó, derrotou-me completamente, e as coisas não melhoraram de todo, bem pelo contrário. Os poucos treinos que tive oportunidade de fazer, foram um sacrifício, e não via a coisa a correr da melhor maneira. As pernas pesavam em cada treino, e o psicológico estava completamente abatido.

Como se não fosse suficiente tudo aquilo, na manhã da prova a disposição não era a melhor, sentia-me um pouco indisposto, mas nada demais. Com pequeno almoço tomado, acabei por melhorar evitando assim preocupações, ou assim pensei eu.


Um dia ameno contrariando o clima para a altura, com um grupo ainda bastante numeroso, seguimos para o grande evento. Aquando a minha chegada, tive tempo para um pequeno aquecimento até à partida que já se encontrava bastante lotada. A juntar aos 21KM, era a estreia da minimaratona (10KM), provocando maior confusão de atletas no arranque, e durante alguma parte do percurso.
Com o sinal de largada dado, tento dar os primeiros passos de corrida, mas sem sucesso. O aglomerado de atletas era tanto, que o melhor que se conseguia fazer era uma corrida lenta, ou caminhada em passo acelerado. Obviamente que mais tarde ou mais cedo a separação iria acontecer, mas apenas ao final da 2ª pequena subida com pouco declive é que as coisas começam a modificar e a haver mais espaço para cada um impor o seu ritmo. Com a 2ª volta dada ao centro de Ovar, seguimos em direcção à praia do Furadouro em longas rectas, mas sempre planas, razoáveis até para impor um bom ritmo.

Seguimos paralelamente à caminhada, que se vai fazendo ouvir ao longo de cerca de 3 a 4 quilómetros de extensão com aquele impulso extra que nos dão já ao fim de 10 KM. Regra geral, fui aproveitando os abastecimentos para ingerir sempre água, para evitar desidratações. Apesar do calor não ser muito forte, era o suficiente para causar danos no mínimo de deslize numa distância como esta. A viagem em direcção à praia estava a ser acessível, e tinha tudo controlado até ali. A caminhada que nos foi apoiando, foi rapidamente substituída por algumas pessoas ao longo da estrada que também de alguma forma incentivavam.
O percurso já o conhecia, e sabia que a melhor fase da prova estava a chegar. Junto à praia que tantas vezes visitei, estendia-se um longo corredor humano que davam a grande festividade de todo o trajecto, excetuando a meta. Apesar da passagem ser rápida, ninguém fica indiferente ali.


Agora seria gerir até ao fim, e percorrer o retorno que no ano anterior tantas dores de cabeça me deu. A gestão até aos 16 quilómetros foi feita tranquilamente e sem problemas, não existindo problemas até ali. Apenas um pequeno incomodo novamente com a indisposição matinal que pensava ter desaparecido, mas não, ali estava ela e conseguiu derrotar-me.
Psicologicamente estava preparado para aquele massacrante retorno, mas a derrota estava espalhada. Abrandei e impus um ritmo mais confortável, mas nada resultava. O fim do retorno estava próximo, e cada vez piorava mais. Ansiava por um abastecimento para beber um pouco de água, mas este tardava, apenas aos 20 quilómetros, e parecia que não chegava.

Ainda aproveitei a água que alguém se recordou, e bem, de bombear por uma mangueira para a estrada para refrescar. Contudo o abastecimento não aparecia, e os pensamentos em desistir e parar ali tão perto do final estavam cada vez mais presentes. Com o aparecimento da água, agarrei-me a ela, e ingeri o suficiente para conseguir melhorar, mas por pouco tempo.
A chegada à meta era do melhor que se pode ter, a descer, dando para esticar um pouco, e nem isso consegui aproveitar. Só queria chegar ao final e descansar, estava derrotado, não foi dia para mim.

Malditos retornos
Esforcei o máximo que pude para chegar ao final, e isso para mim foi a grande conquista desta prova. Poderia ou devia ter parado, mas faltava tão pouco para o final, e não iria “morrer na praia”. Uma das fases tardias de preparação para a Maratona não correu da melhor maneira, nem podia ter corrido com tudo o que se sucedeu desde há uns meses com a lesão, até ao dia da prova. Contudo a resiliência que levei, foi bem maior que todo o resto, e seria assim que ia tentar enfrentar os 42 KM que estavam a chegar.

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